Foto: Terra |
Nos idos dos anos 40, era difícil algum defensor fugir do clichê de ser violento. Os poucos que se sobressaíam ao estilo botinudo se consagravam mundialmente. Feras como Djalma Santos merecem um lugar no hall da fama ou em qualquer lista dos maiores do mundo em todos os tempos. Aos 84 anos, faleceu nesta terça-feira em Uberaba, onde era professor de escolinhas de futebol.
Lateral-direito e tido como o melhor que Seleção Brasileira, Palmeiras, Portuguesa e Atlético Paranaense já viram, Djalma teve como auge de sua carreira um dos momentos mais gloriosos do futebol nacional, no bicampeonato mundial em 58 e 62. Baixinho e mais técnico do que o mais técnico dos jogadores de sua posição, ele foi um mestre na arte do desarme, coisa que ainda hoje parece bem difícil para defensores.
O baixinho se fez gigante na decisão da Copa do Mundo de 1958, quando substituiu De Sordi e mostrou ao planeta seus talentos exemplares que ajudaram o Brasil a barrar a dona da casa Suécia. Djalma corria pela ala direita e parecia sempre saber o que fazer com a bola.
Dessa forma construiu uma reputação inabalável em campo, jogando pela Portuguesa de 1948 a 59, onde ganhou dois títulos do Troféu Rio-São Paulo e um do Campeonato Paulista; pelo Palmeiras de 59 a 68 ganhando duas vezes Taça Brasil e o Paulistão, além do Robertão; e pelo Atlético Paranaense de 68 a 72, onde levantou uma vez o Campeonato Paranaense. É idolatrado por todos os clubes que defendeu e não há uma pessoa que conteste seu posto de maior lateral-direito com qualquer uma dessas camisas.
O que chama a atenção para o seu histórico como jogador é o fato de nunca ter sido expulso em 24 anos de carreira. Regularíssimo, se machucava pouco e sempre estava em campo. Os números não deixam mentir: fez quase 450 jogos pela Portuguesa e 498 pelo Palmeiras. As mais de 100 convocações e quatro Copas pelo Brasil também não. Ele sabia usar o seu físico para jogar de forma limpa, cheia de classe. Perigo ao cobrar laterais, sempre mirava a área adversária e deve ter algumas boas assistências em seu nome graças a esse artifício.
Se deixa saudade como pessoa, deve fazer muito mais falta como jogador. O Brasil nunca mais viu algo parecido. Alguém que pudesse apoiar o ataque com tanta destreza e ainda voltar para marcar e recuperar a bola. Nos gramados Djalma foi vencedor e talvez não haja outra palavra que o defina melhor.
Felipe Portes é estudante de jornalismo, tem 23 anos e é redator na Trivela, além de ser o dono e criador da Total Football. Work-a-holic, come, bebe e respira futebol.
"O futebol na minha vida é questão de fantasia, de imaginário. Fosse uma ciência exata, seria apenas praticado por robôs. Nunca fui bom em cálculos e fórmulas, o lado humano me fascina muito mais do que o favoritismo e as vitórias consideradas certas. Surpresas são mais saborosas do que hegemonias."
No twitter, @portesovic.
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